domingo, 27 de julho de 2014

A dor que mais dói mais


A DOR QUE DÓI MAIS

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.
Martha Medeiros

Amor e Frio...

"E de repente o frio... Frio visto na pele arrepiada, Pelos teimosos contrariando a lei da gravidade, gritando pelo aconchego da coberta Até então guardada e repousante. Mil formas de aquecer, mas coração exigente, a espera esperançosa da presença única que aquece, que acalma, que alegra e que o faz pulsar descompassado... Frio e Amor... Amor e frio... Uma hora as coisas se aquecem, a fria distância se reprime... E o amor esculachado e aquecido faz nevar novamente doces e BRANCOS flocos da alegria.. E tudo vira festa...singular ao plural e então... Talvez sopa, talvez queijo e vinho... Tim tim, ao fim da dor e ao cheiro bom de amor."
Sandra Maria

O amor e o frio...



"E de repente o frio...
Frio visto na pele arrepiada,
Pelos teimosos contrariando a lei da gravidade,
gritando pelo aconchego da coberta
Até então guardada e repousante.
Mil formas de aquecer,
mas coração exigente,
a espera esperançosa da presença única que aquece,
que acalma, que alegra e que o  faz pulsar descompassado...
Frio e Amor...
Amor e frio...
Uma hora as coisas se aquecem, a fria distância se reprime...
E o amor esculachado e aquecido faz nevar novamente
doces e BRANCOS  flocos da alegria..
E tudo vira festa...singular ao plural e então...
Talvez sopa, talvez queijo e vinho...
Tim tim, ao fim da dor e ao cheiro bom de amor."
                                           
                                                                   Sandra Maria

Tempo de Florescer





segunda-feira, 14 de julho de 2014

Tempo de florescer...



Frio que vem de dentro...


O frio que vem de dentro (vale a pena ler)
Quatro homens ficaram bloqueados numa caverna por uma avalanche de neve. Teriam que esperar até o amanhecer, para poderem receber socorro.
Cada um deles trazia um pouco de lenha e havia uma pequena fogueira ao redor da qual eles se aqueciam.
Se o fogo apagasse, todos morreriam de frio antes que o dia clareasse. O tempo passava e o fogo diminuía.
Chegou a hora de cada um colocar sua lenha na fogueira. Era a única maneira de sobreviverem.
O primeiro homem era um rico avarento. Ele estava ali porque esperava receber os juros de uma dívida. Olhou ao redor e viu em torno da fogueira, um homem da montanha, que trazia sua pobreza no semblante e nas roupas velhas e remendadas. Ele fez as contas do valor da sua lenha e enquanto mentalmente sonhava com o seu lucro, pensou: “Jamais darei a minha lenha para aquecer um preguiçoso.”
O segundo homem era o pobre da montanha. Ele conhecia mais do que os outros os caminhos, os perigos e os segredos da neve. Ele pensou: “Esta nevasca pode durar vários dias. Vou guardar minha lenha.”
O terceiro homem parecia alheio a tudo. Era um alienado. Olhando fixamente para as brasas. Nem lhe passou pela cabeça oferecer da lenha que carregava. Ele estava preocupado demais com suas próprias visões (ou alucinações?) para pensar em ser útil.
O quarto homem trazia nos vincos da testa e nas palmas calosas das mãos, os sinais de uma vida de trabalho. Seu raciocínio era curto e rápido: “Esta lenha é minha. Custou o meu trabalho. Não darei a ninguém nem mesmo o menor dos meus gravetos.”
Com estes pensamentos, os quatro homens permaneceram imóveis.
A última brasa da fogueira se cobriu de cinzas e finalmente apagou.
Ao alvorecer do dia, quando o resgate conseguiu chegar à caverna, os bombeiros encontraram quatro cadáveres congelados, cada qual segurando um feixe de lenha.
Olhando para aquele triste quadro, o chefe da equipe de socorro disse: o frio que os matou não foi o frio de fora, mas o frio de dentro.
Não deixe que a friagem que vem de dentro mate você. Abra o seu coração e ajude a aquecer aqueles que o rodeiam. Não permita que as brasas da esperança se apaguem, nem que a fogueira do otimismo vire cinzas. Contribua com seu graveto de amor e aumente a chama da vida onde quer que você esteja.
(autor desconhecido)