sexta-feira, 8 de julho de 2011

Eu vi e ouvi...


Lutar contra a cola é uma tarefa inglória. A escola que quiser fazer tal coisa deve preparar um up grade em suas avaliações. O professor Vasco Moretto, pesquisando numa escola em Brasília, as razões da cola, constatou que mais de 90% estavam atreladas aos nomes, datas e fórmulas. Quando as avaliações exigem comparações, análises de texto e pesquisa, torna-se nuito difícil colar através de um celular. Pela internet não, os recursos são múltiplos e a inteligência eletrônica de nossos alunos sabe como fazer.
Recentemente a imprensa informou sobre a questão de uma exigência escolar para retirar respostas de um site de comunicação. A intenção da escola enviando exercícios para os alunos em suas casas, pela internet, é excelente. Importante avaliar que os alunos precisam saber que se fizerem exercícios de fixação estarão criando condições para aprender. Para eles - e isso deveria ser muito debatido - aprender é o que deveria importar. O fato narrado pela imprensa dá conta de que a escola quando soube das colas pelo site de relacionamento, exigiu que uma estudante as retirasse de lá. A família sentindo-se agredida e alegando estar a aluna constrangida em sua liberdade, recorreu a uma delegacia segundo o órgão da imprensa. De sua parte a escola suspende a aluna por cinco dias e, segundo a família relata, envia a aluna para casa em horário escolar e sem avisar à família.
Penso em algumas considerações sobre o fato: primeiro é necessário saber de que a internet é capaz. Se usamos este veículo precisamos estar cientes de seu potencial e orientarmos os alunos sobre as possibilidades que terão. O importante é que se exercitem, caso contrário não terão condições de aprender. Mesmo ganhando um ponto ao final do mês, isto pouco acrescentará ao conhecimento necessário ao final do bimestre. Segundo é necessário ter a clareza de que não controlaremos a internet. E, se no caso dessa aluna, as informações fossem passadas pelos celulares, provavelmente a escola não saberia. Nem o Muhamar Kadafi consegue controlar o Twiter. Creio que instar a aluna para que retirasse as informações não é a causa do constrangimento e, sim, o envio da mesma para sua casa em horário escolar. É muito mais grave deixar uma pessoa menor de idade à mercê de todos os perigos de uma metrópole que colar pela internet. Terceiro, creio que a suspensão não cabe porque o veículo de comunicação é feito para esse fim: comunicar. Esta aluna merece um prêmio pela inteligência eletrônica, os colegas que usaram o sistema e ficaram calados merecem ser chamados a atenção pela falta de solidariedade à colega, apenas demonstraram esperteza "eletrônica". A todos os alunos é importante dizer que, pedagogicamente, quem não faz exercício não aprende e, por fim, para a escola seria interessante que os exercícios fossem sugeridos como atividade para ser realizada em função da responsabilidade de quem precisa aprender. À família, se ela tivesse reclamado por causa do abandono em que a filha ficou em plena rua, admitiria, de minha parte, a necessidade da procura de uma autoridade acima da escola, no entanto, em relação ao uso da internet e à suspensão melhor seria tratar o caso pedagogicamente, procurando-se a direção do estabelecimento de ensino.
Às vezes é melhor procurar perceber as mudanças destes novos tempos, procurar soluções mais educativas que as tradicionais e meios mais simples e de menor adrenalina para solucionar problemas.
Prof. Hamilton Werneck é pedagogo, escritor e conferencista

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